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by PORTO ALEGRE CIA DE DANÇA

MICSUL 2016

Nesta última – mas não menos importante! – coluna do ano, quero destacar um talento local e sua repercussão fora do país: a Porto Alegre Cia de Dança. Embora carregue o nome da Capital, o grupo é independente e conta com parcerias com empresas públicas e privadas para viabilizar suas criações e apresentações pelo país. Este ano foi especial para a companhia, pois representaram o Brasil ao lado de poucos selecionados do cenário artístico nacional no Micsur – Mercado de Indústrias Culturales del Sur, ocorrido em outubro em Bogotá, na Colômbia. O evento foi uma grande oportunidade de negócios e conexões com agentes culturais de diversos países da América do Sul e do mundo.

Na entrevista abaixo, com a Diretora e Fundadora da Porto Alegre Cia de Dança, Tânia Baumann, ela conta como foi a experiência e incentiva outros artistas a mostrarem seu trabalho pelo mundo!

– Como foi a experiência de levar a cultura brasileira para um evento internacional como o Micsur ?

A Porto Alegre Cia de Dança foi criada já com a intenção de ser uma companhia de dança internacional. Uma companhia com trabalhos que pudessem  estar em diferentes palcos pelo mundo.  Não por acaso sempre privilegiamos os intercâmbios e realizamos a estreia da obra Eu Estive Aqui na Alemanha e somente depois no Brasil. Nosso planejamento estratégico inclui a internacionalização da Cia e estivemos nos preparando para isso desde o início.

O Micsul tem por objetivo criar e consolidar uma plataforma de conhecimento, difusão, promoção, circulação e comercialização de bens e serviços gerados pelas  industrias culturais e criativas da região sul. Nossa presença na feira um passo importante, uma oportunidade única de fazer contatos e apresentar nossa dança para um mercado ainda inexplorado por nós.

– Quais foram as oportunidades de negócio e parcerias que tiveram lá?

O Micsul foi organizado de forma a permitir agendamentos com diferentes empreendedores culturais: festivais, teatros e produtores. Países como Panamá, Chile, Israel, França, China, Estados Unidos entre outros, tinham representantes lá. Pudemos sentar com estas pessoas e conversar sobre as possibilidades reais da Cia se apresentar ou realizar projetos em cooperação. Agora, vamos para a próxima etapa que é efetivar os intercâmbios.

– Que aprendizados o evento trouxe a vocês. Que inspirações e motivações tiveram por lá?

Sentimos que nossa dança tem muito boa aceitação, creio que companhias brasileiras   já consolidadas internacionalmente criaram o reconhecimento para a dança brasileira. Tivemos muita receptividade e ótimos retornos das pessoas com quem conversamos. Também surgiu a oportunidade de a Companhia representar a delegação brasileira e apresentar seu case em um evento chamado Charlas Cortas (veja o vídeo). Tudo foi um aprendizado e só pelo fato de participar da delegação, junto a talentos brasileiros de diferentes áreas, foi maravilhoso. Incrível como participando em um evento internacional acabamos nos dando conta de que muitas vezes ficamos isolados aqui no Rio Grande do Sul.

– O que caracteriza a POA Cia de Dança e que aspectos da cultura nacional e regional ela destaca para outros países em suas apresentações fora do Brasil?

Nossos espetáculos carregam o DNA portoalegrense porque são produzidos aqui. Também naturalmente tem referências na cultura nacional seja na trilha, no cenário ou em qualquer elemento utilizado. Nossa intenção é trazer para nossa dança novos olhares sobre o Brasil e assim, ver nossa própria cultura sob novas perspectivas que sejam interessantes para os artistas envolvidos e principalmente para o público.

– Por que ações de intercambio como esta são importantes na projeção de espetáculos e projetos culturais nacionais?

A Cultura é uma das maiores riquezas de um país. Particularmente, a cultura brasileira tem a marca da diversidade. É esta diversidade que gera curiosidade e encantamento lá fora. O Micsul, como um projeto coordenado pelo Ministério da Cultura (MinC) junto da  Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) demonstra o entendimento de que a arte brasileira é sim um produto a ser comercializado e promovido no exterior e que pode trazer reconhecimento e riquezas ao país.

– Qual o próximo passo agora para a Cia de Dança após todos estes contatos feitos durante o evento?

A Companhia tem autonomia para escolher seus movimentos. Seguiremos trabalhando e atentos a novas oportunidades. Viabilizar uma Cia de Dança independente no Brasil sempre foi um desafio. Depende de muitos fatores externos, mas também  de nossa capacidade de adaptação e planejamento, de ver com clareza o contexto do país. Este ano foi marcado pelo fechamento de companhias importantes para a cultura brasileira e pela extinção, ainda que temporária, do MINC. Ainda assim temos confiança que dias melhores virão e nós seguiremos trabalhando para isso.

Andressa Griffante

∗ Responsável pela Comunicação da Porto Alegre Cia de Dança e do Festival de Cinema de Três Passos. Formada em Jornalismo pela PUCRS, desenvolve ainda projeto na área digital, RSbloggers.com.br, que atua na promoção e assessoria de influenciadores digitais do Estado.
*entrevista para o portal Negócio Feminino
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A Companhia na Colômbia – Andressa Griffante