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by PORTO ALEGRE CIA DE DANÇA

O PRESENTE DA DANÇA

Querido Mark,

Aqui pensando que hoje (08 de julho) em Wuppertal acontece o enterro de Pina Bausch enquanto em Porto Alegre chove muito e há tanta umidade que a água escorre pelas paredes. Neste momento difícil tento  ver a morte como uma transcendência, um tipo de celebração.

Pina Bausch foi, sem duvida, uma realizadora que trouxe à vida momentos de tanta beleza e reflexão que nos deixam, apesar do pesar, com uma forte sensação de gratidão por haver dividido este mundo com ela.

A dança tem este toque do efêmero, só acontece com a presença, com a vida; não pode ser guardada, no máximo registrada. Esta é a mágica desta arte tão pura, ela é feita de momentos únicos. Um criador sabe disto e um bailarino sente isto quando está em cena. Não existe outro melhor momento, nada há para ganhar ou perder,  nada há para mostrar, é pura entrega.

Pina Bausch, para mim e imagino que para muitos, é um ícone. Conforta-me pensar que ela se entregou para morte como se entregava para a dança, para a vida… Em busca destes momentos únicos, tenho trabalhado muito por aqui. No caminho encontro todo tipo de pessoas.

Felizmente, como já tivestes oportunidade de ver, a Porto Alegre Cia de Dança é repleta de realizadores. E o trabalho, a filosofia e a prática da Companhia atraem cada vez mais gente. A Companhia é uma grande conspiração afinal, de pessoas ávidas por vida! Mark, agradeço muito tua disposição, frente a este período de luto.

É uma honra termos as palavras de Dominique em nosso BLOG. Assim como será uma honra para Porto Alegre receber este artista. Querido, em breve estaremos fazendo o que queremos e sabemos, juntos. E vai ser muita dança, uma overdose  irresistível, um verdadeiro chamamento à vida.

Beijo grande,

Tânia

∗ fotografia: Pina Bausch e Mark Sieczkarek as filmagens de  O Lamento da Imperatriz, 1989. Arquivo pessoal de Mark Sieczkarek.
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Connections – carta VI